SAÚDE PÚBLICA
Acho que já falei neste assunto, mas a doidice dos dias que passam fazem-me voltar a ele.
Os funcionários públicos têm um sistema de saúde próprio que os põe ao abrigo das esperas, das bichas, das greves dos enfermeiros, médicos e demais especialidades. Pode dizer-se que é um privilégio que aos demais não é dado. Será verdade, pelo menos segundo o “pensamento” dos que tanto falam de “igualdade”. Mas não o é: são os utentes do sistema quem o paga, mediante um desconto de 3,5% do salário de cada um. A ADSE tem a qualidade - ou, segundo os partidos de esquerda, o defeito - de libertar um milhão de portugueses das garras da desorganização a que chamam SNS. Os bancários, por exemplo, via sindicato, também estabeleceram os seus próprios serviços de saúde – o SAMS - o que, pelo menos, confere alguma utilidade ao dito sindicato. Outros casos haverá. A classe média vai pagando uns seguros com o mesmo objectivo. Não há quem, podendo, não fuja da bagunça.
A ADSE, ao longo de décadas, foi uma instituição que funcionou a contento. No tempo do governo legítimo, a contribuição dos utentes foi aumentada de 2 para 3,5% do vencimento, perante o escândalo e a gritaria dos “atingidos” e dos outros, os do costume. Facto é, porém, que, passado mais ou menos um ano, as dificuldades financeiras da ADSE se transformaram em superavits, suscitando a justa indignação dos mesmos grupos corais. Mas o sistema continuou a funcionar.
Veio a geringonça. O resultado foi o do costume: a ADSE está falida, ou quase. A esquerda não só não cria nada de novo como destroi o que existe: o SNS está de rastos, afogado em dívidas, desorganizado, pasto de greves, disfuncional, como toda a gente sabe. Faltava a ADSE. Parece que deixou de ser sustentável. O que dava “lucro” no tempo de Passos Coelho está à beira do colapso. Remédio da esquerda? O do costume: que pague quem presta os serviços, rasgue-se os contratos, que essa gente (os privados) é para destruir.
O que menos interessa à esquerda é a saúde pública? Não direi tanto. Mas a saúde pública, para a esquerda, não é prioridade que é para as pessoas. Antes de tudo o que interessa é que ela seja um privilégio do Estado, idealmente um monopólio, um centro de poder político, nem que para tal seja preciso destruir tudo o que mexe à sua volta.
Como diria a chamada ministra da saúde, com carradas de razão, é “uma questão ideológica”.
13.2.19