SERIEDADE
Há um rapaz, conhecido cá em casa por Tavares mau (por oposição ao Tavares bom), que ficou conhecido do respeitável público por ter alinhado com o BE, sido feito deputado europeu, se ter zangado com o Louçã (muito bem) e se ter agarrado ao lugar com unhas e dentes (muito mal).
Ficou muito informado durante o seu mandato, fartou-se de viajar, e vem, em grande parte, usando tal experiência para exibir uns conhecimentos aqui e ali. Com medo do anonimato, fundou uma coisa a que chamou “Livre” a fim de não nos vermos livres dele. O “Livre” terá, diz-se, à volta de uns três filiados, contando com o fundador. Até teve até umas dúzias de votos.
Europeiista convicto, interpreta a Europa como barriga de aluguer que parirá um socialismo proto-comunista, ou coisa que o valha.
“Pensador” de esquerda, tem lugar cativo, três dias por semana, no jornal “Público”, diário especializado em dar dez no cravo e duas na ferradura.
Vem isto a propósito de um artigo de tão ilustre autor, no qual o nosso homem se espraia em merecidos elogios a Ribeiro Sanches, médico do Czar de todas as Rússias, senhor que deu à estampa sérias opiniões anti-esclavagistas, bem como bons e sensatos pensamentos e conselhos de ordem social. Muito bem. Depois, faz várias considerações sobre o nacional analfabetismo, culpado do nosso atraso crónico. Aceite-se. A seguir, tece uns elogios à obra educativa do Passos Manuel, e defende que os salários baixos não são favoráveis ao progresso das nações. É capaz de ser verdade. É claro que se esquece que os salários estão ligados à produtividade e a outras razões dificilmente entendíveis pelo radicalismo socialista.
Chegamos agora ao cerne da questão, à verdadeira raison d’être do escrito. É que a conclusão do dito, aliás anunciada nas parangonas do título mas só expressa, sem qualquer justificação, no último e curto parágrafo do trabalhinho: a culpa (de tudo, do analfabetismo, da falta de qualificações do povo, dos baixos salários, quem sabe se do terramoto de 1755) é do Passos Coelho!
Lapidar, não é? Baixo, rasca, odiento, miserável, a malhar no ferro frio que faz as delícias da geringonça.
O homem não nem parvo nem sério.
16.8.19