SINAIS DOS HELÉNICOS TEMPOS
Primeiros passos:
- O salário mínimo vai aumentar uns 30%;
- O Porto do Pireu já não será vendido;
- 300.000 vão ter electricidade à borla;
- Governo de 40 membros;
- Para já, estimativas optimistas indicam que, a curto prazo, a Grécia precisa de 12.000 milhões, logo seguidos de mais 15.000 milhões e, ligeiramente mais tarde, de uns 45.000 milhões;
- O governo grego apoia a Rússia na guerra da Ucrânia, é contra as sanções, contra a posição da UE nesta matéria e, logo no primeiro dia, o embaixador russo foi chamado para receber os beijinhos do Tsipras;
- O ministro das finanças confessa-se “marxista errático”, o que quer que isto queira dizer.
Muito interessante, não é? Como é sabido, les bons esprits se rencontrent. Assim se encontrou, no governo tsipeiro, a esquerda radical com a radical direita. Lindo! Há anos, andou para aí meio mundo a lançar anátemas sobre a Áustria porque um partido de extrema direita apoiava o governo local, ainda que não fazendo parte dele. O camarada Guterres, à altura na presidência da UE, deu por paus e por pedras e levou a União a cancelar contactos políticos com Viena. O camarada Sampaio, tremebundo de indignação, cancelou uma programada viagem lá ao sítio. Muito bem. E agora, que a extrema direita se junta à extrema esquerda? Agora, o PS está contentíssimo (o Papandreu nunca existiu, a internacional socialista é mera recordação) e acha que, às mãos do Tripas, tudo vai mudar para melhor. Haveria de explicar mas não explica: a extrema direita, coisa execrável, não pode ser aceite, como na Áustria, mas, no caso grego, como está unida à extrema esquerda (coisa muito democrática!), tem o aval do socialismo nacional, corporizado no PS . Ou seja, o PS toma as providências necessárias para entrar no comboio do BE, sem perceber que tal comboio se vai, evidentemente, espetar e, se não levar outros a reboque, já é será muita sorte. Que o PS se espete, é uma coisa. levar-nos atrás é que não!
Voltando a alguns dos primeiros passos:
- O salário mínimo vai aumentar. Ainda bem. Resta um pequeno pormenor: onde o dinheiro para o pagar? O Estado não o tem. Os seus funcionários ainda não sentiram nada, nem foram despedidos. Os privados que, à sua exclusiva conta, ou culpa, já criaram 25% de desempregados, no que respeita a liquidez estão mais ou menos na mesma;
- O Porto do Pireu continuará nas mãos do Estado, o que quer dizer mais uns milhões que deixam de entrar nos cofres. Bem pelo contrário, continuarão a sair, que é para o que serve a gestão pública.
- Quem vai pagar a energia dos 300.000? A dona Ângela? Brincadeira. A tsipeiragem não faz descontos, o que até se podia perceber: dá borlas, com certeza a achar que alguém se vai chegar à frente para tapar mais este buraco;
- Os milhares de milhões são uma espécie de ovo no cu de uma galinha que fez interrupção voluntária da gravidez;
- O camarada grego, de punho no ar, percebe o insuportável peso da sua demagogia. Ciente das dificuldades, procura amizades novas. Para o efeito, nada melhor que a Rússia (Putin é de extrema direita, não é?). Se ficasse sem a Ucrânia, a Grécia funcionaria como compensação. E, mesmo que a ocupe, a Grécia não será coutada que se despreze. Vale tudo.
28.1.15
António Borges de Carvalho