SISTEMAS
Declaração de interesses, ou da falta deles:
Não sei, no nosso caso, qual será o melhor sistema eleitoral, se o actual, proporcional por lista, se o britânico, uninominal maioritário numa volta, se o francês, a mesma coisa em duas voltas, se o misto, uninominal com lista nacional à mistura, se outro qualquer.
O debate anda por aí. É fácil dizer que isso dos deputados de lista não passa de uma artimanha para meter no parlamento ilustres desconhecidos escolhidos pelos directórios dos partidos, que as pessoas não sabem quem elegem, que os deputados não são responsáveis perante o seu eleitorado, etc..
Facílimo, mas fora da realidade. Salvo excepções de nomeados para “encaixar” nomes que “importam”, por ser do conhecimento geral, as listas contêm sempre nomes que “ninguém” sabe de quem são, mas que são conhecidos lá na terra, coisa de que os eleitores das grandes urbes se não apercebem. Se excluirmos as “figuras nacionais” normalmente postas à cabeça das listas, os demais nomes são, melhor ou pior, conhecidos por quem os elege. Os “nacionais” também. Concluindo, dá ideia que os críticos do sistema, ou estão mal informados, ou “surfam” a onda.
Não sei se ainda existe na AR uma coisa que se chamava PAOD (período antes da ordem do dia). Pelo menos não consta dos jornais nacionais nem das reportagens da televisão. Nunca constou. Exista ou não, facto é que o tal PAOD serve, ou servia, para os deputados “locais” produzirem as suas declarações, também locais, destinadas à imprensa regional, à homilia do domingo seguinte, à discussão no café lá da terra…
O sistema não me parece mau. Mas admito que se altere para qualquer coisa para satisfazer o criticismo da moda. Talvez com vantagens, quem sabe?
Todos os sistemas, em democracia propriamente dita, são criticáveis, mas correspondem à séria tentativa de obter um máximo de representatividade. Por outro lado, é verdade que tais sistemas se vão sedimentando e criando raízes nas sociedades.
Fim da declaração de interesse ou de desinteresse. Deixemos o assunto para os teóricos, que é coisa que há por aí com fartura.
Importante, neste momento, para ficarmos bem-dispostos, é rir a bandeiras despregadas com o que aí vai na nossa “informação”. No jornal ultra socialista chamado “Público”, um dos diversos bolchevistas de serviço, um tal Loff(???), dedica-se a zurzir o sistema eleitoral britânico, o qual, na sua esclarecida opinião, terá gerado um governo de nula legitimidade porque o número de deputados não corresponde ao número de votos obtidos pelos conservadores. Isto, ao ponto de lamentar que o UKIP tenha ficado só com um deputado!
No jornal “democrático” chamado “Expresso”, em grande destaque, surge o ultra soviético Agostinho Lopes a dizer o mesmo, mais coisa menos coisa.
Já tínhamos visto (anda para aí na net por todos os lados) a reacção dos nossos media à vitória dos conservadores no Reino Unido, reacção que consistiu em ignorá-la o mais possível. É o costume. Nada a comentar.
O pânico do nacional bolchevismo é o máximo. Esta malta, para quem uma eleição justa é a cem por cento para o mesmo lado, como em Cuba ou na Coreia do Norte, fica histérica com a hipótese de haver, em Portugal uma reforma qualquer que possa diminuir o número de parlapatões e de parlapatonas na assembleia dita da República. Para tal, nada melhor que atirar-se às canelas dos britânicos, “demonstrando” assim que a democracia representativa é uma balela. Nem sequer percebem que a democracia britânica é de pessoas, não de “colectivos”. Nem que é aí que reside o consensual entendimento dos cidadãos e que o consensual entendimento dos cidadãos é mais importante que qualquer teoria destinada a dar ao PC e quejandos uma data de deputados. Ai Jesus, minto, ai São Marx, que andam para aí com invenções para nos prejudicar! Têm razão: se tivéssemos um sistema uninominal em duas voltas, o PC, o BE e quejandos nem um deputado elegiam.
Vai daí, nada melhor que seguir as pisadas da “informação” e tratar de desvalorizar a retumbante vitória dos conservadores britânicos. É de estalo.
E os outros, os que se queixam de que os deputados portugueses são desconhecidos de quem os elege, que o povo não se revê neles, etc., e que vêm, agora, criticar o Reino Unido porque… os deputados são conhecidos de quem os elege e o povo se revê neles? O que pode a raiva que causa ver triunfar, against all odds, a direita, nem que seja lá nas ilhas de Sua Majestade!
É só comparar estas reacções – do PS e dos outros, mais da “informação” e dos comentadores - com as vistas e lidas depois da vitória do Syrisa na Grécia, para termos uma noção clara da forma como as nossas cabeças são diariamente empurradas para comer noções torcidas, desonestas, falsas e manipuladoras.
Posto isto, se quiserem mudar o nosso sistema, força rapaziada! Se prejudicarem com isso o PC e os minhocas da esquerda, paciência. Mas lembrem-se: dar cabo do que, melhor ou pior, vem funcionando, é fácil. Difícil é criar algo melhor que se imponha e se reconheça.
24.5.15