SOCIALISMO SAUDÁVEL
Quando olhamos a obra da geringonça no sistema de saúde ficamos mudos de espanto com o quanto de mal se tem podido fazer ao longo dos últimos dois anos. Ontem, era relatado que o tempo de espera para uma primeira consulta está em mais de 1.800 dias, sendo que, em casos graves e urgentes, o feliz contemplado possa ter a fundada esperança de ser atendido cerca de 30 dias depois de exposto o caso. Diz a maluquinha que manda nos enfermeiros que se chega ao ponto de esconder as macas debaixo da escada para não prejudicar o bom aspecto. E não há quem não diga mais cobras e lagartos sobre o que se passa.
A saúde pública transformou-se num saco de gatos. Todos, médicos, técnicos, enfermeiros, auxiliares, “agentes operacionais”, tudo minha gente se arranha como pode, tudo quer mais dinheiro e menos trabalho, tudo diz que a culpa é do governo. Este, passados dois anos e esgotada a falácia da “culpa” de Passos Coelho, entretem-se a dizer que vai mudar o Infarmed para o Porto e que, um dia, há-de haver um grande hospital em Lisboa. As dívidas acumulam-se sem parar, às centenas de milhão, aos pontapés. O sistema, como é notório e indisfarçável, está em colapso acelerado.
O cidadão, esse, vai aguentando como pode. Como os doentes, felizmente, são muito menos do que os que têm saúde, não contam para as sondagens eleitorais, o que é uma “boa” razão para não lhes dar abusivas prioridades.
Quem pode vai recorrendo aos seguros e à saúde privada, única que vai funcionando e melhorando todos os dias. Dado tal pecado, é decretada pelos parceiros da geringonça como inimiga do povo e do sacrossanto Estado.
A ADSE, único sistema público com alguma eficácia (porque recorria ao sistema privado) entrou em crise: 12 milhões de prejuízo em 2017, contra 200 milhões de superavit em 2014. Malhas que a geringonça tece. No tempo de Passos Coelho era o governo acusado por ter aumentado as contribuições para a ADSE, a qual não se destinava a ter lucros. E agora? A geringonça baixou as contribuições? Parece que não. Mas arranjou uma panaceia muito prática para os resultados da sua gestão: pagar menos, isto é, atacar a saúde privada para que fique no mesmo estado da pública. Deve ser uma questão de moral republicana e socialista.
Uma última observaçãozinha. Alguém fez, ou faz, as contas aos dois sistemas, a fim de responder a esta simples questão: qual é, para o Estado, o mais caro? Qual o mais sustentável? Qual o mais eficaz, em termos de custos/benefícios? Ninguém sabe, nem interessa saber. É o socialismo, estúpido!
22.1.18