SUBSÍDIOS PARA QUÊ?
Anda para aí uma polémica dos diabos sobre o eventual auxílio público aos jornais, coisa a que o senhor de Belém deu um discreto aval, uma espécie de “nim”. O chamado primeiro ministro não deu importância de maior ao assunto, veremos porquê.
Entretanto, ao contrário do habitual em países de boa fama, os jornais portugueses não têm cara, ou seja, têm as caras que lhes der na gana. Sábia e pluralista abrangência: todos mais ou menos iguais, às vezes com ligeiríssimas tendências. Estou aqui a olhar para o último “Expresso”, exemplo fatal da filosofia em vigor. Há nele uma página política em que, lei das compensações, há uma coluna de direita, à direita, outra de esquerda, à esquerda. Noutra página, agiganta-se o Louçã no seu assento cativo, em quatro quintos de uma página, compensado no quinto restante por duas breves da autoria de uns pobres moderados. No mesmo caderno, dito de economia, há recadinhos com fartura vindos de tudo o que é sítio, há artigos contra e a favor da geringonça, coisas boas e coisas péssimas. Aquele “democrata”, conselheiro de Estado e figurão do BdP, tem programa especial na televisão, ao que se diz “compensado” pelas bocas e recadinhos de um certo M. Mendes, que dá no cravo e na ferradura com professoral jactância.
O cenário é mais ou menos o mesmo por todos os lados. O que implica que, ao cidadão, não seja permitido ter “o seu jornal”, como em Paris, Londres ou Madrid.
Enfim, malhas que a democracia teceu em Portugal. Não há volta a dar. Um mal? Um bem? o mafarrico que escolha. Apesar de tudo, a esquerda tem uma evidentíssima preponderância. Por isso, mesmo sem subsídios do Estado, pode o chefe Costa dormir descansado. No fundo, há muito quem, de borla, lhe vá fazendo a cama fofa.
9.12.18