TEORIA DOS AJUNTAMENTOS
Segundo o chamado primeiro-ministro, há ajuntamentos e ajuntamentos, os que são na praia, nos restaurantes, nas escolas, nas igrejas, todos perigosíssimos. Mas, se se tratar de organizações do PC, a coisa fia mais fino, mesmo que tais farras sejam à base de imperiais, cachorros e bifanas, carrocéis, musicatas e caça às saias, povoados de gandulos com boinas do Che e fartura de foices a martelos, uma prelecção do Jerónimo no palanque, cheia de “p’tãtes” e de “trabalhadores e o povo”. Tudo bem, não há perigo nenhum: trata-se de política, diz o PM, o PC gosta de facturar (isso não diz, mas toda a gente sabe), os comunas, se contentinhos e bem bebidos, chateiam menos e até colaboram.
Segundo a multidão de especialistas em covides e similares - a profissão mais progressiva do país, sem taxa de desemprego, pelo contrário - os critérios dos ajuntamentos são diferentes. Por exemplo, se você for à praia, ou se põe a pau ou é atacado pelos fuzileiros especiais, que não são para bricadeiras, é expiado por drones pressurosamente adquiridos pelo Costa, não pode ter os filhos à volta, gente perigosíssima, se a sua toalha pisar a da vizinha do lado é expulso e, se lá ficar depois das 5 de tarde, é levado pela ramona. Almoçar com a família num restaurante, nem pensar, é crime contra a saúde pública, isto é, ofende as ordens do Costa. O Costa arranjou mil maneiras de mostrar que manda, e você, parvalhão, até gosta.
Mas o PC está de fora. Já arranjou um folclore dos diabos no primeiro de Maio, com sindicalistas e “activistas” expressamente autorizados a não cumprir a regras que o Costa impõe aos outros, com que lógica socialista poderia o Costa, agora, incluir a coboiada do “Avante” nas leis gerias? A lógica, tratando-se do PC, é outra. É a lógica dos camaradas, que não tem nada a ver com a das pessoas propriamente ditas.
E, no entanto, em termos de opinião pública, o Costa está na maior! Somos uns heróis.
10.5.20