TESTEMUNHO MASCARADO
Dada a minha provecta idade, associada a muitas décadas de feroz tabagismo, tenho uns problemas de falta de ar. Sou membro do mais chato dos “grupos de risco”. Daí que, se ponho a máscara, lá se vai o que me resta de respiração. O ar que entra é menos, mais pobre e impõe esforço acrescido. Respiro os restos de oxigénio que os pulmões recusaram, cheios da porcaria que deitaram fora. A fuça fica suada, quente, incomodadíssima. Em suma, não aguento a máscara.
Se, no meu caso, os malefícios da máscara são evidentes e se setem de forma directa, imediata e aflitiva, fica provado o facto de a máscara, sobretudo se usada continuadamente, não pode deixar de ser prejudicial para toda a gente, novos e velhos, embora a maior parte talvez não lhe sinta os efeitos. Mas não pode haver dúvida de que, a prazo, terá as suas consequências na oxigenação de cada um. No entanto, a “informação” (pública e privada) tem passado o tempo a recomendar a máscara, que não faz mal nenhum...
Para mim, a solução é a chamada viseira, que alivia um pouco a câmara de horrores em que a máscara me mete. Mas há os fundamentalistas militantes, que marimbam nos velhos ao mesmo tempo que dizem protegê-los. Experimente, por exemplo, ir ao Oculista das Avenidas, no Campo Pequeno, ou ao Hotel da Vista Alegre, em Ílhavo (cito estes dois porque me merecem particular embirração, mas há muitos mais). Já decorei o decreto (nº 20 de 2020 , artº 13º) que diz “máscara ou viseira”, mas os fundamentalistas são mais costistas que o Costa. Não perdoam. A máscara tornou-se obrigatória, mesmo sem o ser. Os portugueses obedecem, meticulosamente ensinados a perseguir-se uns aos outros ainda mais que de costume.
Enfim, aqui fica um testemunho que talvez seja útil. Nada tem de científico. É um saber de experiência feito, como diria o poeta.
Aliás, no mundo do covide a ciência serve para tudo, isto é, para dizer que é branco, que é preto, azul às riscas, etc. Venha o diabo e escolha.
3.11.20