TRAFULHAS NO POLEIRO
Ele há coisas que toda a gente sabe, mas que vale a pena ir avivando. Refiro-me, desta vez – peço desculpa aos mais sensíveis – a um tristemente célebre fulano que, pelos vistos, goza de inusitados privilégios: o inaceitável Màrinho Pinto.
Este ilustre desconhecido emergiu na vida pública quando, julga-se que à falta de melhor, foi eleito bastonário da ordem dos advogados. A partir daí, habituámo-nos a ouvir da sua boca as mais desvairadas ideias, provocações, tontices, fantasias quixotescas e, às vezes, coisas que até pareciam simpáticas mas não passavam do mais barato parlapaté. É sabido que este tipo de discurso tem eco em muita gente mais ou menos ávida de novidade ou de promessas apalhaçadas.
Embalado com os dislates que ia produzindo, os quais, como é hábito neste tipo de matérias, gozavam de ampla cobertura mediática, o homem resolveu lançar-se na política. Como não tinha apoios institucionais, filiou-se num partideco que, politicamente, jamais existiu, e foi dando largas à verve, com a qual engatou, honra lhe seja, votos que o levaram ao Parlamento Europeu. Lá chegado, resolveu dizer mal daquilo, mas deixou-se estar encostado aos carcanhois que a coisa lhe ia creditando. Depois, borrifou na barriga de aluguer que, sem pagar renda, o acolheu, e saltou como um herói para a fundação de um partido novo a que chamou “republicano”, designação de má memória que, até então, ninguém se tinha lembrado de ressuscitar.
Ora o citado partideco resolveu, com carradas de razão, cassar-lhe o mandato por ter mudado de partido, como manda a nossa lei. Mas o tipo ganhou: os nossos ilustres legisladores, procuradores, juízes, acharam que o caso não estava previsto, isto é que a nossa lei nem por analogia se podia aplicar a um caso omisso. Ou seja, como não há moral, come o Màrinho!
Um hábito, a somar aos muitos maus hábitos da nossa vida política. Vem à lembrança o Tavares mau, que, sentadinho em Bruxelas/Estrasburgo, a viajar pelo mundo fora em executiva, resolveu pôr os paus ao Louçã, dar à sola, borrifar no patrão, no partido, em tudo menos no doce euro-carcanhol. Isto, até, com o apoio do engº Belmiro, vir, como um leão, a fundar, como o Màrinho, um partido, desta vez chamado Livre, ou seja, livre para tudo menos para largar o tacho.
Se muitas críticas se pode, com fundamento, assacar aos “velhos” senhores da política, que dizer dos novos?
19.7.15