TRANSPORTES AÉREOS
O IRRITADO nunca comprou uma companhia de aviação. Perdoe-se esta declaração da mais profunda incompetência na matéria.
No entanto, procurou meter-se na farpela dos compradores. O negócio é interessante, pensarão. Uma companhia com rotas bem preenchidas de clientela, com vasta experiência em certos mercados, tanto europeus como americanos e africanos, com comunidades que se deslocam neles com frequência, com um hub funcional, fazendo as ligações mais curtas entre os dois lados do Atlântico... ainda por cima vendida por um preço que não é bem preço, é investimento racional na renovação da frota, mais a cobertura de uns buracos... Muito bem, dirão. Vamos a isto.
Do outro lado, há os chamados trabalhadores, que quanto mais ganham mais greves fazem, cheios de impensáveis privilégios, exigências e ameaças. Vamos a ver.
Há um caderno de encargos, como é natural, com regras normais e justificadas. Tudo bem.
Eis senão quando, no Natal, época de grande facturação, os tais trabalhadores ameaçam com uma greve devastadora, a aumentar os buracos. Apesar de tudo, é coisa que quase se diria normal, pelo menos na Europa. Continuemos.
Mas tal greve, em vez de, simplesmente, implicar a requisição civil dos oportunistas - que vivem pendurados no contribuinte, com emprego certo, indespedíveis e insaciáveis, provocou negociações com os sindicatos. O governo resolveu que, durante uma data de anos, graças a leis mais ou menos medievais, ninguém podia ser despedido, entrando ou não no acordo. Ó diabo!
Bem, pensarão os compradores, o melhor é dar à sola. Como é possível gerir seja o que for sem redimensionar o que precisa redimensionado?
Esta gente, pensarão, não tem juízo nenhum. Então, por um lado, metem esta dos tais trabalhadores, por outro dão-nos oportunidade para, a prazo, pôr a sede da companhia em Tegucicalpa ou no Vanuatu, o hub na Cochinchina ou onde nos apetecer... porreiro pá.
Entre o positivo e o negativo, haverá que pensar. Se o IRRITADO fosse comprador de companhias aéreas ia pregar para outra freguesia, que isto de lidar com malucos não é coisa fácil. Mas o IRRITADO não percebe nada do assunto.
Nesta conformidade, só lamenta que o ministro Álvaro tenha sido substituído por um pomposo marmanjo que mete os pés pelas mãos e toma compromissos idiotas.
19.1.15
António Borges de Carvalho