TRANSPORTES PARA O POVO
Esta história dos passes, reconheço, é uma malha de grande alcance para a geringonça. Faz lembrar – que ideia! – as borlas do metro e dos telefones de Moscovo durante os brilhantes tempos da URSS. A coisa vai ter, sem dúvida, vistoso efeito eleitoral, pelo que se pode dizer que, para já, o chamado governo marcou pontos. Também é verdade que o PSD/Rio reagiu ao assunto da forma mais ridícula que se pode imaginar, o que tem o seu quê de natural se atendermos à cretinice que se apoderoiu do partido. Não há dúvida que a medida não podia ser mais popular, nem ter um efeito tão importante na economia de tanta gente. Parabéns.
Mas... os transportes, como é evidente, não vão ficar mais baratos. Vão custar o mesmo ou, se as promessas forem cumpridas, muito mais. Alguém vai ter que pagar. Com a maior das canduras, dizem por aí que serão as autarquias mais o orçamento do Estado. Ou seja, que pagamos todos, a começar pelos que não têm passe, ou não precisam dele, ou estão a milhas dos privilegiados pela medida. É o costume, estamos habituados; não pagamos já todos os buracos da Carris, para que o senhor Medina se repoltreie nos transportes com uma empresa “limpinha”? E os fornecedores de serviços, que se queixam das voltas e reviravoltas a que as suas facturas têm que se submeter e da caloteirice adjacente? Se o Estado e as câmaras já levam seis meses para pagar, sem satisfações nem juros, como é que, tendo que pagar o dobro ou o triplo, o farão daqui por adiante?
Algo me diz que, a curto prazo, as broncas vão começar.
26.3.19