TUDO À BATATADA
O espantoso PNS, um bronco, depois de ter posto os ministros alemães de joelhos com a terrível ameaça de não pagar a dívida, depois de ter anunciado um aeroporto no Montijo sem mais nem menos, depois de não ter feito as obras que prometeu, etc., resolveu tirar o cavalinho da chuva e deixar o Medina a braços com as culpas das broncas da dona Alexandra– que são dos dois fifty fifty – e dar à sola no momento oportuno.
As hostes eriçam-se. Dona Alexandra, a outra, alta figura da luta contra tudo a que cheire a privado, já veio prestar pública homenagem ao grande homem. Dona Ana veio a correr fazer o mesmo. Dona Catarina ainda não deu públicas largas ao seu contentamento porque, de momento, não lhe convirá. O PC aguarda ansioso por nova geringonça.
Objectivo comum a supracitadas senhoras e a alguns senhores: demolir o Medina, deixá-lo sózinho a contas com a fogueira enquanto o outro vai a banhos para o Parlamento, a fim de preparar a sucessão.
Aplicando uma máxima urinária dir-se-ia que quando sai um português saem logo dois ou três. Mas o chefe, totalmente esbambeado, já não tem autoridade para correr com os dois, ou seja, para fazer justiça, governar, existir.
O Presidente faz surf – uma especialidade em que é exímio – nesta onda. Vai dizendo umas inanidades, e espera que a onda passe. Outras virão para o fazer “brilhar”.
Afinal, o que se passou? Na TAP parece que havia dois galos na mesma capoeira (galinhas, por acaso), e a coisa fez faísca. Dona Alexandra optou por tratar da vidinha e acabou por ir para casa com quinhentos mil. Tudo normal, se o accionista não fosse o Estado e se o Estado não fosse tutelado por esta gente. Aflito com o desemprego da senhora, o PNS arranjou-lhe um tachito à la manière. Tudo normalíssimo. Vai daí, o Medina achou que a compensação não chegava, e meteu-a no governo. Ainda mais normal, não é? Rebentada a escandaleira, um não sabia de nada, outro de nada sabia. É o que, na linguagem do PS, se chama “coordenação governamental”.
Onde está o mal? Ao certo ninguém sabe. Ninguém sabe o que é a TAP. Uma empresa pública com gestão privada, uma empresa privada com gestão pública? Outra coisa qualquer? Os juristas farão os seus pareceres, os comentadores também, uma pessegada sem fim. É o costume, dir-se-á.
No PS, o pessoal começa a esgadanhar-se, estão fartos do Costa e as alternativas são o que são: miseráveis, como o caso da dona Alexandra mostra à saciedade.
É a isto que estamos entregues. Linda maneira de acabar o ano.
30.12.22