UM ATAQUINHO DE “ÉTICA REPUBLICANA”
Depois de ter nomeado dúzias de mulheres e maridos, pais e filhos, boys de todos os tamanhos e feitios, para tudo o que é lugar no chamado governo e nas suas adjacências, depois de o sapo César, mestre nestas matérias, ter achado tudo muito bem, depois o conhecido como primeiro-ministro e chefe incontestado do PS se ter indignado com aquilo a que, à boa maneira do seu antecessor, chama conspiração da direita e de certa imprensa, o PS foi atacado por súbita moralidade. É de estalo.
A prová-lo, a mui desagradável secretária adjunta Ana Catarina, cheia de novíssima consciência, declarou que a nomeação para o lugar de adjunto de um primo de um secretário de Estado foi coisa “profundamente errada e inadequada”.
O IRRITADO, como sempre, sente-se na obrigação de louvar o PS, desta vez na pessoa de tal e tão extraordinária senhora, bem como na reacção rápida do nomeante, que tratou de mandar o primo às urtigas, ficando ele na mesma. Formidável!
Assim, daqui fazemos um apelo à consciência, à indesmentível honestidade e à soberana coragem do PS e da sua secretária geral adjunta, para que, em límpida coerência, aplique o mesmo escrúpulo às restantes dúzias de nomeados desde há quase quatro anos a esta parte: mande-os também às urtigas! Tudo para a rua, que a moral republicana assim o exige! Bem sei que ficávamos quase sem governo, mas não viria daí mal ao mundo.
8.4.19
Obs. Tenho muita pena do tal adjunto que já não é adjunto. Não passa de isolada e inocente vítima da repentina descoberta do PS.