UM FARTOTE
Segundo informação não desmentida, só em enfermeiros as 35 horas vão custar vinte e tal milhões de euros. Teremos ainda os médicos, os técnicos, os auxiliares, os mangas de alpaca, e mais umas centenas de milhar de funcionários, ou seja, mais umas centenas, ou milhares de milhões. A não ser que as cinco horas não precisem compensação em trabalho, isto é, que os funcionários andassem a ler o jornal durante cinco horas por semana - o que, em muitos casos, é, evidentemente, verdade.
Diz-se que tal aumento de despesa não é aumento nenhum, uma vez que será compensado por fundos provenientes não se sabe donde, sendo de pensar que, como a reabilitação urbana, sejam sacados à Segurança Social, entidade que tem os cofres a abarrotar e não sabe o que há-de fazer ao dinheiro. Se houver acréscimo de depesa, a lei é inconstitucional. Mas, saia a massa de onde sair, o grande especialista na matéria, senhor Centeno, dirá que a arranja “sem aumentar a despesa". E pronto, fica assegurada a constitucionalidade. Pelo menos, é o que o senhor de Belém fez constar. Ficamos, mais uma vez, cheios de esperança num futuro radioso.
Muito disfarçadinha pelas barrigas de aluguer e pelas 35 horas, ficou a presidencial promulgação do fim da avaliação dos professores, mais um inestimável testemunho do progresso do reversionismo bolchevique em vigor.
O camarada dos bigodes embandeira em arco. O Jerónimo acha uma maravilha. As três desgraças e o careca da Bloca deitam foguetes. O Arménio faz um brinde comemorativo de mais este reforço do seu poder sobre a sociedade. O Presidente dirá que está a preservar a estabilidade. E vão todos ver a bola e aos arraiais de Santo António.
Um fartote.
8.6.16