UM GENTLEMAN E UM TRAMBIQUEIRO
Ontem, um membro do governo de Sua Majestade Britânica chegou atrasado a Westminster. De tal maneira que não teve oportunidade de responder a perguntas de uma deputada da oposição que para tal se tinha inscrito.
Falta grave. Um bife que se preze não chega atrasado. Assim, o senhor pediu a palavra para apresentar as suas desculpas à The Right Honorable Baroness Não-sei-quê. Fê-lo, contrito e envergonhado, num discurso em que se auto-arrasava pela tremenda falta. No fim, para surpreza da House, declarou que, para se redimir, não tinha outra solução que não fosse apresentar a sua demissão à Mrs. May. Esta parece não ter aceite o sacrifício, mas não sei o que veio a seguir.
O homem talvez tenha exagerado, sendo patente que a ofendida fazia menção de perdoar a horrível falta.
Mas fica como termo de comparação. Por cá, temos um primeiro-ministro que só responde ao que lhe apetece, as mais das vezes trocando alhos por bugalhos. Chega atrasado quando e como lhe dá na gana, acha muito bem que os seus ministros mendiguem bilhetes aos clubes de futebol, tenham crises de falta de “percepção” ou digam mentiras “constitucionais”, segura no poder fulanos e fulanas que metem água por todos os lados, não sabe de nada do que se passou quando foi número 2 do Pinto de Sousa, mete os pés pelas mãos quando há alguma crise, passa a vida a gabar-se do que não lhe diz respeito e a sacudir a água do capote do que lhe não dá jeito, mente quando lhe convém, é um surfer da política...
...e nunca mais há uma onda que o leve!
Por um nanomicron do que o nosso chamado primeiro-ministro faz todos os dias, o ministro britânico envergonhou-se e demitiu-se. Dir-se-á que foi mais um caso de boa educação que uma atitude política. Daí que o o nosso bem-amado Costa tenha, afinal, razão: é que a boa educação, manifestamente, é coisa que não faz parte dos seus skills.
2.2.18