UM GRANDE HOMEM
Fiquei hoje abismado com a biografia de um tal Romão, de quem nunca tinha ouvido falar mas que, segundo o “Observador”, é uma altíssima figura da nossa terra e do socialismo nacional. Homem de uma seriedade a toda a prova, culto, letrado, poeta, jurista eminente, ilustre figura da “moral republicana”, diplomata, avesso a intrigas, probo, altamente considerado por camaradas e adversários, intocado e intocável, enfim, uma autêntica raridade.
Acontece foi acusado pela dona Vandunen de estar na origem das aldrabices contidas numa carta enviada à UE pelo ministério da justiça. Logicamente, o grande homem não gostou. Deu com os pés à ministra, demitindo-se com uma declaração escrita em que afirma que tal carta “foi preparada na sequência de instruções recebidas e o seu conteúdo integral era do conhecimento do Gabinete da senhora Ministra da Justiça”.
Por outras palavras, o grande homem, segundo diz, recebeu ordens para escrever a carta, ordens essas que incluiam o “conteúdo integral” das aldrabices. O grande homem, diz ele, mais não fez que escrever o que o mandaram escrever. Acredito. Mas, para acreditar, tenho que concluir que o grande homem não hesitou em escrever as aldrabices. Não se negou a fazê-lo. Só se demitiu quando o acusaram de fazer o que, na verdade, fez.
De grandes homens destes está ou devia estar cheio o inferno do socialismo.
5.1.21