UM MUNDO À DERIVA
Não sei se leram, hoje, as declarações de um dos lesados pelo ladrão Rui Pinto. Roubados lhe foram uns trinta mil emails e outras coisas. Toda a correspondência profissional e pessoal do homem foi escarrapachada na net, incluindo as fichas de saúde da família, as fotos dos filhos, tudo à disposição de toda a gente nos mais ínfimos pormenores.
Um mundo onde as instâncias mais “abalizadas”, os políticos mais “preocupados”, os legisladores mais “eficazes”, ao mesmo tempo que dizem à boca cheia - e com vasto apoio social - defender a privacidade de cada um, é o mundo que protege e priviligia os gatunos informáticos com “medidas de protecção” especiais e loas ditas de “informação” e de “investigação”. Um mundo, ou um país, onde há candidatos à presidência da república a pôr, impunemente, tais canalhas nos altares da respeitabilidade e da credibilidade, é um mundo que perdeu a cabeça no que respeita aos mais elementares princípios em que diz acreditar.
Não sei onde isto irá parar, se é que parará um dia. O que sei é que a civilização a que pertenço e em que acredito, se não arrepiar caminho, tem os dias contados, às mão de assassinos como a dona Gomes, o BE e quejandos*.
*Ontem, a dona Gomes declarou que “não sabe, nem lhe interessa saber”, como Rui Pinto obteve as informações que publicou. Está tudo dito.
17.9.20