UM MUNDO DE RESPONSABILIDADES
O monumental cagaço que o chairman da geringonça pregou ao Costa e à sua gente veio pôr em causa o esquema em vigor.
Por um lado, o senhor de Belém chicoteou a organização. Por outro, o cheque (não mate!) virou-se contra o próprio, isto é, infirmou a estratégia que o fazia andar com a geringonça ao colo. Acordou tarde, mas com força e raiva perante a traição dos seus protegidos. Vamos ver o que se segue, isto é, se, partida a loiça, ela volta a ser colada, ou se Sua Excelência deixou de vez de confiar em tal gente. Crises de confiança são, às vezes, fatais em organizações deste tipo. Não será o caso. Se me é dado prognosticar, acho que a loiça vai ser rapidamente restaurada, colada e pintada, pelo menos até que sobrevenha outra bronca qualquer.
*
Tem uma sinistra piada a história da demissão da dona Constança, ora promovida a professora pelo CEO da geringonça. Depois de quatro meses a dizer-se indispensável, que nem sequer foi de férias, que o povo é que tem que ser “resiliente” e “pró-activo”, que não é tempo de demissão mas de acção (o rol de parvoíces é tão vasto que é melhor ficar por aqui), resolve comunicar às gentes que só tinha ficado no lugar por imposição do chamado primeiro-ministro. Não bate certo, mas pode ser que tenha o seu toque de verdade.
É possível que o fulano tenha, nesmo antes de Pedrógão, percebido que a rapariga não servia. Mas guardou-a de reserva. Se houvesse azar, podia ser útil. E foi, como os factos provam. Durante quatro meses, a ministra continuou, por acção e omissão, a fazer as suas asneiras, sempre com o apoio activo do chefe, que ficava na sombra. Não previram, nem um nem outro, que as coisas dessem para o torto como deram. Ele, muito ocupado a evitar que a geringonça gripasse, tinha na criatura o respaldo necessário em caso de azar. O problema era dela, não dele.
Mas sobreveio o pior. Ainda por cima o chairman resolveu resingar, a dona Constança foi à vida e o verdadeiro responsável por tudo ficou à vista. Uma chatice.
A carta que a senhora escreveu ao Costa e comunicou ao povo é uma espécie de vingança. Ao dizer que só ficou no poleiro este tempo todo por imposição do chefe (o que não deve ser verdade porque ela não queria ir-se embora, como afirmou vezes sem conta) está a dizer que o verdadeiro responsável é ele. Sendo certo que o indivíduo jamais se considerará responsável seja do que for (ele só é “responsável” por coisas boas com que pouco ou nada têm a ver), a verdade é que foi rasteirado pela Constança.
Gente fina.
19.10.17