UMA BATATA
Algumas informações úteis ressaltam da entrevista caridosamente oferecida à dona Gomes pela TV do Estado.
Por exemplo, disse ela que o seu orago Sampaio foi fundador do PS. Mentira. Sampaio fundou o movimento de extrema esquerda chamado MES, o qual, em 74/75, defendia o totalitarismo socialista, opondo-se à realização de eleições. Entrou no PS em 79 ou 80.
Dona Gomes “explicou” que o PS devia ter subscrito um acordo com os parceiros da geringonça, a fim ressuscitar a maioria de esquerda no parlamento. Devia? Pois. Foi o que fez Cavaco, que exigiu tal acordo para indigitar Costa. Só que, para Cavaco, tal podia ser uma forma de não ter que o fazer, contrariando a sua consciência, ignorando os interesses legítimos do povo português expressos nas urnas e abolindo uma praxe constitucional válida pelo menos a partir de 1982. Dona Gomes queria agora o mesmo, com a intenção inversa: para ela é preciso acabar com a direita (toda ela), instaurando para sempre o socialismo obrigatório. Por um lado, é o que se poderia esperar da criatura, por outro é a prova provada da qualidade do que temos pela frente.
Toda a retórica de “independência” pessoal cai assim por terra. Não se candidata para ser, como diziam os antigos, presidente de todos os portugueses (nunca o foram, como diz a Constituição, foram presidentes da República e de mais coisa nenhuma), mas importa salientar a intenção: candidata-se para ser motor da abolição da direita, ou seja, da democracia que, cinicamente, diz defender. Não quer, nem nunca quis, "unir e federar", o seu objectivo é dividir, ou seja proteger o “trigo” descricionário da sua ideologia e aniquilar o “joio”, que são todos os que tal coisa não apoiam.
Se isto é alternativa, a democracia é uma batata.
17.9.20