UMA BORRADA OFICIAL
Num célebre ataque de estupidez (defeito ou feitio), o chamado ministro da saúde resolveu anunciar que ia mudar o Infarmed para o Porto. A coisa era de tal maneira destituída de sentido que toda a gente pensou que não passaria de uma boutade, um fait divers, uma parvoíce a esquecer, uma promessa à maneira de PS.
Porém, segundo por aí se anuncia, era verdade! Por um lado, compreende-se: o PS, já que não cumpre promessa nenhuma, quis dar um exemplo ao contrário. Só que escolheu o mais idiota de todos. Facto é que está prevista a mudança para o 1º de Janeiro de 2019. Se eu fosse lisboeta como os portuenses (nem todos) são portuenses, propunha a mudança do Instituto do Vinho do Porto para Lisboa. Uma troca cheia de lógica, não é?
Duzentos cidadãos, provavelmente cidadãos de segunda, farão as malas, abandonarão as suas casas, continuando a pagá-las se for o caso, mudarão as escolas das crianças, deixarão de ir à bola, outro médico de família, outros vizinhos, outros amigos, tudo para satisfazer o provincianismo primitivo e invejoso de um tal Moreira e o oportunismo ditatorial da geringonça.
Sou o mais possível a favor da mobilidade, acho que todos devem ser livres de se mudar, de ir para o local de um novo emprego, de ir fundar um negócio noutras paragens, de preferir a cidade ao campo, o litoral ao interior, ou vice-versa. Tal não tem, como é evidente, nada a ver com a mudança obrigatória, ao sabor dos caprichos do poder e aos ditatoriais ditames de um governo, para o qual, no caso, o adjectivo “estúpido” é o mais suave.
A comprová-lo, as declarações desse idiota chapado que os portuenses elegeram presidente da câmara. Disse ele que se preocupava com os funcionários do Infarmed (93%!) que não querem mudar-se para o Porto (uma ova), preocupava-se muito mais com os alfacinhas que vão lá passar o fim de semana e não ficam por lá. Recomendaria à criatura que fosse passar um fim de semana ao Bangladesh, e ficasse por lá. Não fazia cá falta nenhuma, nem sequer aos portuenses que têm dois dedos de testa e que, quero eu achar, são a maioria.
26.6.18