UMA MAÇADA
No dia 28 de Março de 2019, um novo sindicato apresentou, nos termos legais, um pré aviso de greve. Vinte dias passaram. O chamado primeiro-ministro, o barbaças do ambiente, bem como o intragável quão energético Caramba, todo engravatado, não deram por nada. Na sua monumental incompetência, nenhum deles percebeu que a coisa podia dar mau resultado, não previu, não tomou medidas, não ligou pevas. Um assobiou para o ar, outro foi ao cinema, o terceiro estava muito ocupado com a liga dos campeões.
Quando a bronca estalou, os aviões desviados, a malta apeada, uma maçada. Reunido o conselho de ministros e, após acesa discussão, concluiu-se que a culpa era do Passos Coelho, um canalha que se esqueceu de fazer um pipeline para o aeroporto. A culpa é do gajo, regougou o barbaças. Sem dúvida, apoiou o Galamba. Incontroverso, monhéou o chefe.
Postas as coisas no seu devido sítio, havia que procurar uma solução. O primeiro, solene, tomou a palavra: trata-se de um problema de privados, o Estado (nós) não tem nada com isso, bem dizem a Catarina e o Jerónimo, nossos tão amados sócios, que, se os transportes fossem do Estado, não havia problema nenhum. Evidentemente, respondeu o barabaças com voz cava. O caramba disse que sim com a cabeça.
Telefonou o Arménio: meus caros, eu não tenho nada com isto, eu até tinha feito um acordo, um brilhantíssimo contrato colectivo, estes gajos andam a urinar fora do recipiente, caraças!
Pois é pá, respondeu o chefe, nada porreiro pá, vê lá se te reformas, estás a perder o comboio, vou fazer queixa ao Jerónimo. Por este andar acabas expulso!
O Arménio desligou, a pensar que nunca mais chega a ditadura do proletariado.
Postas as coisas no seu devido lugar, o governo não previu nada, não percebeu nada, anda para aí a meter os pés pelas mãos, fiel a si próprio e à sua irremediável incompetência, a segurança do país nas mãos de um bando desalinhado e ambicioso, tudo disfuncional como nos incêndios, entregues que estamos à estupidez e à propaganda. O resto é conversa.
18.4.19