USQUE AD?
A senhora directora geral da saúde é alvo de muitas críticas. Terá dito e desdito muita coisa, ter-se-á engando com frequência, terá abusado – por conta do governo, com o apoio e a presença do governo – na tarefa de assustar as pessoas, enfim muita coisa se poderá dizer a este respeito, com justiça ou sem ela. Não lhe gabo a sorte.
Numa coisa, porém, foi verdadeira, por defeito, não por excesso. Disse, logo nos primeiros dias de obrigatório terrorismo sanitário, que, por cá, viríamos a ter um milhão de infectados. Tinha carradas de razão. Aposto até, que há mais do que isso. E ainda bem. A esmagadora maioria dos infectados nem sequer deu por isso. Essa maioria propagou, não a doença, mas os anti-corpos necessários a combatê-la. E quanto mais infectados houver, mais anti-corpos haverá.
Quantos infectados haveria se todos os portugueses fizessem o teste? Certamente mais do que o milhão de que a senhora falou. Qualquer análise não terrorista, ou terrorizante, do número de mortos põe a letalidade do covide nos limites do comum em viroses do género. Anos houve em que a gripe sazonal matou mais gente – muito mais gente – que o covide. E ninguém se preocupou com isso de forma especial, ficando a luta por umas dúzias de desinfectantes espalhados por aí por quem queria e podia.
Toda a gente sabe que quanto mais testes se fizerem, mais testes positivos haverá. E então? O que é que tal número tem a ver com a expansão - perigosa – da doença?
Deu-se cabo do Serviço Nacional de Saúde. Não há quem não saiba que os doentes “normais” são corridos dos hospitais e que não há assistência pública que lhes valha, a não ser, claro, que tenham o covide.
Deu-se cabo da economia, fenómeno que começou há três meses mas, vão ver, daqui a três anos será ainda pior.
Deu-se cabo da Liberdade dos cidadãos, tirou-se as crianças das escolas e dos parques infantis, e muito mais, tudo em nome da subserviência aos ditames da pandemia do medo.
E agora? Agora insiste-se, em manobras de “recuo”, em mais perdas de liberdade, de dinheiro, de futuro, numa sociedade mergulhada na maior crise de que há memória, condenada à miséria e à fome e, pior que isso, a aceitar, ela própria, a perda de juízo que começou por ser-lhe imposta e se tornou “viral”.
Usque ad?
23.6.20