VALHA-NOS SÃO PANCRÁCIO
O mui ilustre presidente Santos Silva deu pelo estranho caso – de que ninguém, até à data, tinha conhecimento – de não haver, nos círculos elitorais, um local onde os respectivos deputados recebam os eleitores. Então, seguindo os hábitos do socialismo-nacional, “pediu um estudo” sobre o assunto. Podia ter nomenado uma comissão, como a dona Temido, ou fundado uma “entidade”, ou coisa do género. Mais modestamente, pediu um estudo. Pediu, não mandou fazer. Fantástico.
Nos países onde as eleições parlamentares se fazem por círculos uninominais, é natural que cada deputado tenha um escritório para atender aqueles que representa. É evidente que, por cá, os deputados, que o são dos partidos, se quiserem receber eleitores, têm, ou devem/deviam ter as sedes locais dos repectivos partidos para o fazer.
O que quer então o senhor presidente? Alugar 230 T-zero a multiplicar pelo número de círculos e por cada deputado por lá eleito, com casa de banho, mobília de escritório, televisão, internet, computadores, frigorífico e máquina de café? Talvez não seja bem assim, mas não será muito diferente. Enfim, é preciso esperar pelo “estudo”.
Que “técnicos” se encarregarão do “estudo”? Com que especialidades? Com que caderno de encargos?
Segundo o cabeçalho da página do jornal que se debruça sobre este ingente problema, trata-se de uma “situação que se prolonga há mais de dez anos”. Neste caso, ao contrário da esmagadora maioria dos casos, cheira-me a que a coisa vai ser rápida. Como os portugueses não deixarão de se indignar esta injustiça, haverá que lhe pôr cobro com a merecida urgência. Podem estar descansados. Agora é que é! Vem o “estudo” e, como se trata de quem se trata, arranjar-se-á com facilidade mais dinheiro e mais pessoal.
Não terá Sua Excelência mais em que pensar? Não haverá deputados com juízo sufuciente para mandar a iniciativa à fava? Não terão os “técnicos do “estudo” outra coisa para fazer?
27.6.22