VERDADINHAS
Nas notícias “autênticas” e “verdadeiras” está definitivamente estabelecido que, nas eleições francesas, tanto a direita tradicional, gaulista, republicana, conservadora, como a esquerda moderada, socialista, social-democrata, desapareceram do mapa.
Vistas as coisas com olhos de ver - não como faz a “informação” -, o PSF teve, de facto, um pré-desaparecimento (6%!). Não foi o que aconteceu com os conservadores (20%). Aliás, destes, quem ficou para trás foi o candidato, não a opinião conservadora. Fillon foi vítima de si próprio e dos trombones eleitorais que o acusaram de compadrio familiar. Tudo indica que as acusações procedem, mas o “pecado” só o é para o efeito eleitoral que, de facto, teve. É que há uma verdade republicana e socialista que ficou na sombra.
A Republique é, sempre foi, com conhecimento e aval do eleitorado, aval que conheceu um hiato com Fillon, uma fábrica de privilégios que, entre nós e na modernidade em geral, são considerados vis, mas que, em França, sempre se praticaram e praticam normalmente, ou impunemente, se quiserem. Fillon, ao dar empregos públicos à família, mais não fez que que o que todos, em França, fazem há séculos das mais variadas formas, pelo menos desde que as elites republicanas se substituíram à aristocracia do ancien régime, cujo sang, ainda hoje, mui republicanamente, se canta dever ser versé dans les sillons.
Não fora a vigente “transparência”, a direita conservadora teria eleito o seu candidato. É, pelo menos, o que dizem os números.
Uma coisa são os números, outra o politicamente correcto. E o que o politicamente correcto diz é que a hecatombe (!?) conservadora foi igual à socialista. Não é só o Trump a fabricar verdades alternativas.
24.4.17