VIÁVEIS E INVIÁVEIS
Numa das suas habituais prelecções, lições, demonstrações, declarações, afirmações, etc., o inimitável camarada Centeno veio iluminar a nossa fraca cultura com uma frase que, sem dúvida, será célebre, se tornará mote para inúmeros tratados e o fará candidato de topo ao próximo Nobel da economia política, pública, privada, macro, micro, etc.. Disse ele que insiste “no desaparecimento das empresas que não provem viabilidade”. A importância universal da frase mereceu, para começar, honras de manchete no “Expresso”, jornal muito atreito a frases.
E nós? Esmagados pela sapiência desta lusa alma, curvados perante a profundidade do seu intelecto, deslumbrados pela sua nobre acutilância, ficamos à espera das mundiais repercussões de tal e tão luminosa declaração.
Entretanto, podemos aguardar as consequências que, no pequeno mundo das Quinas, não deixarão de influenciar o nosso futuro. Assim, aguardemos com ansiedade que o espantoso Centeno comunique o seu saber a outros camaradas seus, sobretudo ao grande Costa, ao enorme PN Santos, à dona Temido, e a tantos outros que, sequiosos de saber, talvez possam aceitar o conselho aplicá-lo a coisas tão importantes como a TAP, a CP, os hospitais públicos e tantas outras organizações estatais ou estatizadas, que, sob a alçada e a direcção desses senhores, se debatem com conhecidas inviabilidades.
Em alternativa, tementes de que tais criaturas possam não agir em conformidade com os bons conselhos do sábio, talvez possamos, com larga vantagem, optar pela declaração da inviabilidade delas, fazendo-as “desaparecer” no fim de Janeiro.
26.12.21