VILEZAS
Com a pompa e a circunstância que a propaganda impõe e a ausência de bestunto anima, o governo da geringonça reuniu em Peniche, com mediático folclore, a fim de comunicar à Nação a sua decisão de dar o dito por não dito em relação à construção de um hotel nas instalações do forte local. Por outras palavras, o chamado governo resolveu ceder a instâncias, ou exigências, do seu parceiro bolchevista, passando o tal hotel a constituir uma nova sede de propaganda do PC, paga pelo Estado e mascarada de museu de homenagem aos prisioneiros da segunda república, “lutadores da liberdade”.
Sim senhor, eu compreendo que muitos de tais prisioneiros tenham sacrificado anos de vida encerrados nos muros do forte. Compreendo até que, muitos deles, tivessem a convicção, ou a ilusão, de que estavam a lutar pela liberdade. A título pessoal será possível tirar-lhes o chapéu. No entanto, como os seus dirigentes, ou comandantes, onde avulta o nome desse tarado que se chamava Álvaro Cunhal, sabiam perfeitamente, não estavam a lutar por liberdade nenhuma, mas sim pela implantação de uma ditadura perante a qual a da segunda república pareceria um regime libertário ou um clube de meninos do coro. Se o sacrifício de alguns (os enganados pela propaganda soviética) pode merecer respeito, as intenções da organização que os enquadrava não merece respeito nenhum, ainda menos merece investimento estatal comemorativo e, como é evidente, tão ruinoso como os bonecos de Foz Coa ou as autoestradas do Pinto de Sousa.
Num momento em que Mário Soares é posto nos altares da democracia (não nego que o possa merecer), bem se podia esta gente lembrar que foi Mário Soares quem, em 1969 (CEUD), afastou a oposição democrática da que o não era, separando as águas entre os que queriam democratizar o país à moda da Europa Ocidental e os que o queriam entregar às mãos de quem lhes pagava e neles mandava, a URSS. O mesmo Mário Soares que, depois do golpe de Abril, soube resistir à pressão soviética que se abateu sobre nós e, mais uma vez, voltou a dividir as forças políticas entre democráticas (PS, PSD, CDS, PPM) e não democráticas (PC e outras esquerdices). Com o advento da geringonça, esse Soares foi esquecido e abandonado, pelo menos no que respeita à sua posição de “separador de águas”.
Voltando à minha democrática compreensão, direi que compreenderia que, na memória descritiva do hotel viesse a constar a história do edifício, com referência à utilização que lhe foi dada pela segunda república. E até aceitaria que, num canto significativo, fosse instalada uma memória do assunto, contrastando os novos quartos com as antigas celas.
Mais um elefante branco, por um lado, e uma custosa publicidade pública ao PC, repetindo a mentira da uma luta pela liberdade que jamais existiu ou existe e, por outro, o foguetório da geringonça para incensar a sua derrota perante o aliado.
Uma tristeza, uma incoerência, mais uma demonstração de como se pode aviltar as ideias e mandar a verdade de férias.
28.4.17