VIVÓ BERARDO!
Como julgo já ter escrito nestas arengas, sempre achei piada ao senhor Berardo. Lembro-me dos ditos do fulano quando se pronunciava sobre os problemas do BCP. Em matéria de piada, mete o Araújo Pereira num chinelo. E não tem papas na língua quando se põe a gozar sem olhar a quem.
A "performance" berardiana na comissão não-sei-de-quê veio confirmar as minhas convicções a este respeito.
Perguntar-se-á: Quem é o mau da fita? O Berardo, ou quem lhe adiantou o dinheirinho? Não sei ao certo, mas mon coeur balance. É que, como diz o devedor, não há dúvida que convinha aos segundos que aparecesse um accionista novo no BCP, um que ficasse devidamente controlado. Nas palavras do humorista Berardo, ao aceitar os milhões, ele até estava a fazer um favor aos bancos. Pelo menos em parte, ou em grande parte, é verdade.
Outra coisa que não percebo é esta:
Se um teso qualquer comprar uma casa, dando-a como garantia do financiamento, que lhe acontece se não pagar? O banco vai-lhe à casinha, o nosso teso fica sem ela e sem o dinheiro, o mais que pode fazer é ir queixar-se à DECO, o que equivale, mais ou menos, a ir queixar-se ao Barbosa du Bocage. Por seu lado, o banco, se avaliou mal a casa, ou se o mercado abanou, vendê-la-á com prejuízo, meterá a viola no saco e contabilizará diferença em perdas operacionais. O que acontecerá se o Berardo, que deu as acções do BCP como garantia do empréstimo - o que foi aceite - as der de volta ao banco em pagamento? Fica a conta saldada, não é? É o mesmo que com a casota do teso. Ou não? O teso não tem que pagar, mas o Berardo, coitadinho, é perseguido? Que raio de justiça é esta? E a igualdade? E o direitos humanos?
Os tipos que lhe emprestaram a massa, e até foram administradores do BCP até à miséria final, parecem ser quem devia estar na berlinda. Quem deve o dinheiro é quem o desperdiçou, não quem acreditou em tal gente, ao ponto de se endividar daquela maneira, não é, ó Joe?
Muito bem faz o Berardo em transformar a comissão de inquérito num programa humorístico. Os deputados que se cuidem, se forem capazes.
13.5.19