VOTOS
Digam o que disserem, a moção do CDS não é tão parva como pode parecer. Não está escrito em parte nenhuma que uma moção de censura só pode ser apresentada se tiver garantia de sucesso, ou se, como há quem advogue, se fundar numa maioria parlamentar capaz de substituir a existente. A moção de censura, apresentada nos termos legais e regimentais, tem a ver com o facto de haver quem ache censurável a política do governo, e mais nada.
Daí que baste que o CDS seja capaz de demonstrar (o que não é difícil) as profundas lesões políticas, sociais, económicas e culturais que a geringonça vem provocando, a permanente ausência de qualquer preparação do Estado para os dias que aí vêm e, acima de tudo, esquerdização radical da política e dos seus agentes, a estatização galopante que, para além dos eleitores da extrema esquerda, ninguém sufragou, o olímpico desprezo pela sociedade, a diabolização dos agentes económicos, os assaltos ao direito de propriedade, a erosão da dignidade do Estado, a miséria da justiça, o falhanço brutal do Estado Social...
Se o CDS não se meter em guerrinhas do dia-a-dia nem se deixar embrulhar nas teias e acusações hipócritas com que PS não deixará de esgrimir, talvez a moção seja útil, pelo menos na medida em que contribuirá para o esclarecimento popular sobre o que na verdade se passa em Portugal.
E, se os deputados do PSD forem capazes, mesmo à revelia do chefe que arranjaram, de fazer o mesmo, os portugueses só terão a ganhar com esta iniciativa do CDS.
Aqui ficam os votos do IRRITADO.
20.2.19